A injúria de racismo contra o meio-campista Edenilson, do Internacional, não aparece como um caso isolado no futebol brasileiro. Segundo o levantamento feito pelo Observatório Racial no Futebol, ocorreram 32 casos de racismo envolvendo times do Brasil em 2022.
Entre os casos citados, quatro aconteceram fora do Brasil e partiram de torcedores estrangeiros em jogos da Sul-Americana ou Libertadores. Os outros 28 foram em território nacional e envolveram torcedores, atletas e dirigentes.
“O ano de 2022 está nos levando para 2019. Em termos de estatísticas, 2019 foi o ano em que o Observatório mais monitorou casos. Foram 70 (…) Estamos chegando aos dados de 2019, que foi o maior número já monitorado pelo Observatório. É um momento, de fato, muito complicado na sociedade”, afirmou o diretor executivo do Observatório da Discriminação Racial no Futebol, Marcelo Carvalho, em entrevista à Rádio Gaúcha.
O diretor destacou que existe uma necessidade para que novas ações contra o racismo sejam realizadas no futebol brasileiro. Os números estão aumentando e mudanças precisam acontecer nos bastidores.
“O futebol precisa pensar em um protocolo para casos de racismo. Precisamos estar mais preparados para quando esses casos acontecem. Não podemos dizer que isso não acontece sempre. Não são casos isolados. Só em 2022 houve 32 denúncias de racismo no futebol brasileiro”, comentou Marcelo Carvalho.
Perito analisou o caso entre Edenilson e Rafael Ramos
O perito judicial Roberto Meza Niella, especialista em leitura labial e diretor de consultoria pericial, confirmou que o lateral Rafael Ramos, do Corinthians, usou a palavra “macaco” ao falar com o meia Edenilson, do Internacional.
“Eles estão de frente para a câmera e é possível ler o posicionamento dos lábios do Ramos. Podemos identificar de forma tênue a frase que todo mundo está dizendo, que é a palavra ‘macaco’. E vem na sequência um palavrão que não fica muito claro na definição dos lábios dele”, destacou Niella.