Dos diversos apelidos que o Inter possui, um dos mais simbólicos é o de Rolo Compressor. Isso porque o termo acompanha o clube há quase um século e possui grande valor histórico. Rotulado pelo ex-jogador e torcedor ilustre do clube, Vicente Rao, o termo ganhou notoriedade na década de 1940 e foi imposto a um dos times mais históricos da trajetória mais que centenária do clube gaúcho.
Com isso, durante a ascensão colorada na década, Vicente ficou ainda mais conhecido por conta das caricaturas que exibia para identificar a equipe. O método utilizado para identificar a forma que o time comandado por Hoche de Almeida Barros foi o que chamou atenção. Em ilustrações produzidas a cada nova partida, o ilustre torcedor pintava as vitórias alvirrubras em um formato de atropelamento aos adversários.
Vale lembrar que Vicente entrou para a história do clube não apenas pela produção das artes, mas também por seu combate a causas sociais, especialmente, a rejeição do arquirrival colorado em aceitar jogadores negros na equipe. Além disso, o termo “crioulo” foi pejorativamente dado aos torcedores alvirrubros por conta da forma que se portavam na arquibancada.
Foi a partir disso que o torcedor entrou para a história do Clube do Povo. Em uma disputa contra o Tricolor, torcedores do Grêmio pulavam na arquibancada incentivando o clube (maneira na qual julgavam os colorados). Desse modo, Vicente e seus companheiros produziram uma faixa que ficou tatuada para sempre na memória do torcedor, na qual a frase estampada “Imitando crioulo, hein?” provocava os rivais alvirrubros.
Quando a equipe apelidada de Rolo Compressor, seus principais nomes também fazem parte da história colorada. Tesourinha, Russinho, Vilalba, Rui e Carlitos foram uns dos diversos protagonistas que fizeram parte de uma hegemonia estadual que persistiu por cerca de uma década.
Relembre o time base do Inter que ficou marado para sempre com o rótulo de Rolo Compressor
Time: Ivo Winck; Alfeu e Nena; Assis, Ávila e Abigail; Tesourinha, Russinho, Vilalba, Rui e Carlitos.
É importante lembrar que o Colorado obteve uma sucessão imediata da equipe que selou sua marca na história do futebol brasileiro. Isso aconteceu no início da década de 50 em que comandado por Salvador, Paulinho, Oreco, Bodinho, Chinesinho e Larry, o time apelidado por Rolinho (Em alusão ao Rolo Compressor), consolidou-se tetracampeão do Campeonato Gaúcho e, acima disso, obteve o feito histórico de ter colocado oito jogadores na Seleção Brasileira que venceu os jogos Pan Americanos de 1956.
Ainda com essa base, o Colorado conquistou um dos maiores triunfos da história. Com quatro gols marcados por Larry, o Rolinho despachou o Grêmio por 6 x 2 no confronto de inauguração do Estádio Olímpico, momento na qual os torcedores do Inter relembram frequentemente nos clássicos.
Rolo Compressor é entoado até hoje nos cânticos da torcida do Inter
Apesar de já ter se passado mais de 80 anos que dominou o futebol gaúcho, o Rolo Compressor é relembrado jogo após jogo no Gigante. Isso porque em um dos cânticos mais famosos da Guarda Popular (principal torcida do clube), os torcedores destacam o apelido histórico da equipe e vibram com veemência na cancha.
Outro nome relacionado ao termo que também tem seu espaço na casa alvirrubra é o de Vicente Rao. O movimento, que honra o ilustre torcedor, foi nomeado de “Discípulos de Rao” e possui um lugar fixado no Beira-Rio para exibir a faixa que relembra um dos personagens mais importantes dos primórdios do Clube do Povo.
Para sempre na memória do torcedor, os times que deram os primeiros passos do caminho em se tornar um dos maiores clubes do Brasil ecoarão pelo decorrer da eternidade. Por mais que não possuíssem noção disso na época, os protagonistas de um dos melhores elencos da história do clube seguirão homenageados não apenas por museus, livros e documentos, mas especialmente, pelo torcedor, o principal patrimônio do Sport Club Internacional.