Demitido no início de março, após a eliminação contra o Globo, o ex-executivo de futebol Paulo Bracks quebrou o silêncio em entrevista concedida à Rádio e TV Bandeirantes. Na conversa, que será transmitida na íntegra, no domingo pela manhã, ele falou sobre os mais diversos assuntos da sua passagem pelo Internacional.
Um dos assuntos já divulgados, da entrevista, é o trecho em que Paulo Bracks dá detalhes sobre a sua demissão. Ele disparou contra a decisão, alegando que ela foi política e não, técnica.
Reunião, respaldo a Medina e cabeça entregue
Confira o trecho da entrevista, em que Paulo Bracks detalha os momentos que antecederam a demissão.
Thaigor Janke: O que foi dito no dia da demissão?
Paulo Bracks: Foi uma reunião interna, não vou jogar esta roupa suja aqui. Mas a reunião tem um início e neste início, eu fiz uma defesa do trabalho do treinador e da comissão técnica.
TJ: Se pensava em demitir o Medina?
PB: A reunião começou com o questionamento de um dos membros sobre o trablaho do treinador. Quando há esta pergunta é porque há um questionamento sobre o trabalho dele. E mais, foi 24 horas depois daquele vexame no Rio Grande do Norte. Foi um vexame.
Eu não dormi nem lá no Rio Grande do Norte. Porque passei o pós-jogo terrível, conversando com o Medina. Nós dois. Ficamos conversando três horas. Sem piscar o olho. Lá no hotel. A cama ficou arrumada.
Quando me perguntam sobre o trabalho do treinador eu reafirmo: “Acho que tem que segurar, acho que o trabalho é bom. Acho que vamos ter evolução sim. Há pontos de evolução. Há pontos que estão ruins e temos que trabalhar. Não está bom, é lógico. Mas tem condições de melhorar.”
Em outros momentos, a gente entendeu que não havia condições e optamos pela troca. Então eu defendi. Isto eu posso te dizer. E depois foi uma análise do meu trabalho. E o que foi falado ali não acrescenta muito. O que acrescenta é o resultado final. De que eu fui desligado. O único a ser desligado.
TJ: Foi dito que seria uma cabeça para ser entregue?
PB: Existem questões tão obvias, que não precisam ser ditas. Porque eu não entrei em campo contra o Globo. Eu não jogo bola, não sou técnico. É uma demissão de um executivo, depois de uma derrota de campo. Foi obvio pra mim. Não houve questionamento da minha parte quanto a isto. E hoje, mais de 30 dias depois do fato só houve um desligamento. Que fui eu. Houve um acréscimo, mas não houve nenhuma reposição nem pra minha posição. Até hoje eu fui eleito o único culpado pela eliminação na Copa do Brasil.
E se a minha demissão serviu pra chancelar a permanência da comissão técnica e dar uma maior estabilidade para uma equipe de 5, 6 pessoas, eu fico satisfeito. Porque este é o meu papel. Meu papel é estabilizar. O papel do executivo é de ser um para-raio, de blindar: jogadores e técnicos. Se serviu pra isso, eu ajudei o clube mais uma vez e fico feliz.